quarta-feira, 22 de junho de 2011

MACHO MACHO MAN


Gostamos de execrar os grandes, seja indivíduo ou estado. Não é assim que os doloridos de cotovelos fazem? Ah, gentinha descornada que está sempre a olhar o rabo do pavão alheio enquanto banca de peru gorgolejando glu-glus repetitivos e risíveis.             É assim... Desviar a atenção ou acautelar-se antes que as metralhadoras se voltem para peitos com quilômetros de ficha corrida ainda sob o tapete lavado a Pinho Sol diário.
            Políticos americanos atléticos e bonitões foram “pinçados” enviando fotos para senhorinhas disponíveis e loucas para acreditar que o gatão era livre, leve e solto além de ilustre desconhecido e não manjado pelos repórteres de plantão. Os hakers bisbilhotaram e acharam pratos quentes na bandeja, puseram a boca no mouse, digo, as fotos na Internet, a mais democrática das instituições. Teve renúncia, mea culpa e contrição diante de mulher grávida. Para salvar o pobrezinho rico, afinal era bem apanhado, se não tivesse dado esse quebra pau poderia até pedir “emprestada” a foto dele, pensei: tem mulher que é foda, fica grávida e fecha as pernas, dá merda!  
            Se a morada virtual das delícias pesca até político americano que considero acima de todos os males e macumbas (vai ver penso que EUA é parecido com o Brasil. Ha, ha, ha...). O que não aconteceria com a raia miúda? O pavor bateu geral. Quantas cabeças mal casadas, ou nem tanto, dão uma “voltinha” para estimular? Quem não sabe que funciona? Se tiver que contar esta história da Carochinha de ser desgraçado, cheio de filho que não pode abandonar, para render horrores de bucetinhas ajoelhadas no altar fálico, a gente enfrenta.
            Começou uma troca de email que ultrapassou em adesões todas as correntes do Buda do dinheiro, Anjo da felicidade e de todos os Santos, urgentes ou não. Falei até com chinês, não me pergunta como, mas no desespero a gente entende aramaico. A coisa foi se fundamentando, o pavor crescendo, casamento desmaiando, senhorinhas se enforcando, sei lá mais o que.
            Aí explodiu aquela revolta dos bombeiros no Rio de janeiro, 2000 homens, machos prá caramba, se uniram na força da cara e da coragem e foram às ruas, com ídolo do surf e tudo. Deu prisão para um pacote de caras, logo foram libertados. Se esta causa nobre e restrita tinha perdão, notícia em revista, apoio e aclamação, imagina uma causa mundial, alinhavada pela Internet e muito mais justa, até a FTP daria a maior força.
            A banda larga, curta, discada ou não, e toda a parafernália comunicativa à mão congestionou. Os relógios fugiram de Greenwich, os despertadores criaram a super hora universal, até os Ets devem ter observado o levante e se interessado. Não vem me dizer que extra terrestre não dá umas puladas de muro que nisso não acredito. Macho é macho em qualquer sistema solar. O Deus não é infinito? Então fez tudo igualzinho, só pequenas diferenças verdes e amarelas, mais nada.
            Só não fez notícia retumbante por que tinha repórter, diretor de mídia e até faxineiro de estúdio interessadíssimo no processo e tinha que ser segredo bem guardado senão estragava a eficácia do levante.
            Começaram a azeitar as engrenagens com centenas das mais cultas, intelectuais e até científicas cabeças do planeta.
            Um feriado sensacional onde tudo pára é o Natal, lançou um cuiabano de nó virado. Claro que não, berrou um italiano circense, e os muçulmanos, judeus, budistas? Vamos deixar os irmãos de fora? Corta essa foi a sonora indignação do moscovita.
            No meio da dificuldade de acertos um nordestino arretado, de dedo em riste, este tinha dedo, distribuiu buchada de bode no mundo inteiro. Os moçambicanos adoraram, fazia tempo que não viam uma farra de carne, nem aí se era de bode, vaca ou peru assado. Deu problema, cada um almoçava num horário diferente e a sesta dos gaúchos, mexicanos e afins atrasou os trabalhos. Ficou acertado que não haveria mais acepipes. Só discretos drinques. Discretos, nada de encher a cara que vão dormir no meio dos acertos os do litro e meio. Vieram apupos de todo o lado, de norte a sul, leste e oeste, mas acabaram aceitando em prol da causa.
            Em consenso o dia da reivindicação seria 31 de dezembro, e desta vez bateria meia noite no mesmo instante em todo o planetinha. Nada de exclusividade, a chamada à ordem seria geral, quem se insurgisse teria sua foto peladão, a verdadeira, colocada internacionalmente (o internacional foi pequeno deslize, acontece...) na Internet.
            Bandeiras foram criadas em preto e branco com um gavião explodindo energia no meio. Artistas plásticos doaram suas criações. Foram tantas que se resolveu fazer várias bandeiras e com isso muitas alas foram criadas: dos machões, dos disfarçados de empresários, dos garis, dos cheios da grana. Muitas especializações. Os mafiosos relutaram em ter uma ala, afinal mostrar a cara não era seu estilo.
            Um marqueteiro disse que sem slogan não funcionaria. Problemasso! Até prêmios Nobel entraram no páreo nessa hora. Mais difícil que escolher os “fardões” da Academia Brasileira de Letras. Lapso, esta escolha é fácil, basta ter um QI esquentado por indicações da pesada, gostar de se fantasiar de palhaço e ser chegado em marimbondos de fogo.
            Por unanimidade resolveram que deveria ser muito simples. Não eram machos? Macho bastava. Não houve consenso, muito fraca. Lá dos perdidos ventosos da Patagônia, escondida atrás de outras, veio a voz: Dava para ser Macho, macho, man? Acharam “A sacada”. A música homônima passou batido, nem se lembraram dos machos que a rebolavam. Deixa quieto!
            A vestimenta seria ao gosto do participante, escolher daria muito pano para manga e em alguns pontos do planeta, faltaria pano, todo mundo sabe, inverno aqui, verão lá. Única exigência é que os escoceses abrissem mão do kilt e os mulçumanos dos vestidões, todo mundo de calça comprida, de macho. Lembraram da roupa que serve a rico e a pobre, de direita, de esquerda e do centro: o jeans. Aplauso geral. Todo mundo de jeans e camisa branca. Branco não, gritou Ling Ching Ling, é cor de luto. Ai, cada passo um impasse, ou cada impasse um passo? Só se fosse para trás. Essa torre de babel é de desgovernar os miolos. Cada um com a camisa que quiser, desde que não tenha desenhos, mangas bufantes ou foto de homem no peito, a sua própria pode.
            Afinal, depois de muito é, mas não é, chegou o dia. Já se tinham passado 2 anos, as paqueras estavam frias, as infidelidades discretíssimas e as mulheres desesperadas. As esposas cansadas de tanto dar e as amantes cansadas de não ter para quem dar. A ordem yang-ying do avesso. Haja filosofia para explicar este entre aspas depois! Tremendo trabalho para machos pensantes.
            As badaladas do relógio foram contadas no ritmo certo e a mulherada sem entender coisa nenhuma, o peru nem tinha ido para o forno, as calcinhas brancas estavam secando no varal e a homarada toda na rua soltando foguete? O que é isso?
            Rio de Janeiro, Tremembé das Almas, Calgary, Cartagena, Glasgow e todas as cidades, conhecidas, desconhecidas, as que se ouve falar muito, as nem tanto, as que nunca se viu no mapa. Em todas, lá estavam os homens com estandartes, palavras de ordem, gritaria, coisa de macho, desfilando pelas ruas, estradas, vielas, campos, planícies geladas, altas montanhas, precipícios e qualquer buraco que exista.
            Foi um Deus nos acuda, o levante desta vez foi sensacional, não houve uma só desistência, teve pai que levou bebê de colo, claro que macho. Todo tipo de veículo de carrão até riquichá. Um fato que se tornaria épico.
            No calor da hora, fosse inverno ou verão de torrar, os fantásticos se pelaram e aí, sabe-se lá como, já que nenhum macho, masculino homem estava diante do computador, a notícia se espalhou e foi roupa voando para todo lado.
            Os machos, mas nem tanto, que não tinham participado da estruturação do evento ficaram doidinhos, quiseram passar a mão, dar uma pegadinha. Foi reação total, nada disso, só podia olhar. Alguns até ficaram entristecidos, sabe como é... Na hora de um aperto...
            O sucesso se mostrava estrondoso e os machões já visualizavam a tonelada de emails que receberiam, mulher para escolher, até a Débora Secco chamaria a surfistinha de rol pequeno. Os que se entusiasmavam muito batiam continência, mostravam serviço. Ninguém se incomodou, afinal macho é para isso mesmo. Ficaram orgulhosos dos de sangue quente.
            No meio da euforia generalizada, uma mulher pequena, meio e meio, meio quilo, com cara de todo dia, saiu da assistência com rolo da massa na mão. As outras, de olhos puxados, cabeleira carapinha ou loira escorrida, viram aquilo e...
            Não saiu notícia no jornal, os tvs ficaram caladinhas, nem pé de página teve.
            As mulheres não fizeram levante, não mostraram a bunda, nem reviraram os olhos. Pra que se tinham a única coisa que dobra homem?
            Por décadas a Internet teve a mais fiel comunicação inimaginável.
           

           

           

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